terça-feira, 12 de maio de 2015

Crónica 1 - As coisas que eu faço antes das 13h30



Escrevo enquanto ela dorme, serenamente. Pensarão vocês que tenho montes de sorte e que dá para escrever crónicas e afins. Pois, a notar pelo número de posts que aqui publico, dá para perceber que o tempo é escasso, certo? Certo.

Desde que acordei, às 7h30, já: tomei o pequeno-almoço; pus roupa a lavar; dei de mamar que entretanto ela começou a chorar; pus a arrotar; troquei a fralda; trouxe-a para a cozinha e coloquei-a na espreguiçadeira com o canal Panda ligado (ela não percebe nada daquilo, mas o som deve distraí-la); tomei um café; ela começa a choramingar e eu tenho a certeza que é sono e coloco-a na cama a dormir; adormece; a roupa já lavou e vou estendê-a (aproveitar o calor que isto está bom para secar); lavo a louça do pequeno-almoço; deambulo 10 minutos pelas contas do Instragram; ela chora e eu ponho-lhe a chupeta; cala-se e continua a dormir; massagem na cabecinha por causa da crosta láctea (ela gosta e não acorda com isto); lavo a casa de banho que não é limpa há 2 semanas; ela acorda; preparo tudo para lhe dar banho (às vezes damos banho antes dela dormir, outras vezes eu dou-lhe assim, antes de almoço, que ela também gosta). Está bem disposta o que é bom, dá para fazer as coisas com mais calma. Shantala com água à temperatura ideal (obrigada termómetro, se bem que com o tempo já mergulhamos a nossa mão e dizemos “está booooa”), despi-la e enfiá-la no balde. Sorri, bebe a água do banho (isso, minha filha, o que não mata engorda), lavo bem a cabeça para sair os últimos residuos de crosta e está pronta. Seco-a, espalho creme no corpo (é aproveitar que isto hoje dá para tudo) fralda, body e um vestidinho que afinal está calor e eu não quero a menina com bolhas. Começa a chorar, muito, e eu ainda não acabei todas as tarefas maternais. Finjo que não ouço e termino tudo. Sento-me e enfio-lhe a mama na boca. É remédio santo e a menina tinha razão, já tinham passado 3 horas. 10 minutos numa, arrota. 10 minutos noutra, demora mais tempo mas também arrota (e altos que são os arrotos!). Adormece. Deito-a e ela nem pestaneja. Agora eu. Siga para o banho, sempre com os ouvidos no quarto. Vestir qualquer coisa decente, que já era quase meio-dia e ainda estava de pijama. Preparar o almoço, melhor dizendo, aquecer qualquer coisa para o almoço. Dá para almoçar descansada. Hoje dá. Arrumo a cozinha. Lavo uma roupa dela, que tem de ser sempre à parte, e reparo nas minhas mãos secas, ásperas, com pequenas feridas entre os dedos. É da água e detergentes, penso eu. Ela acorda, dou-lhe novamente de mamar. Ponho-a novamente a arrotar. E adormece de novo. Vida santa, a dela.

São 13h30 e o meu dia ainda vai a meio. Enquanto escrevo ela dá um chorito mas eu não vou à primeira. Talvez tenha caído a chupeta, talvez tenho feito cocó, talvez tenha dado um puzito, talvez tenha tido um sonho mau. Calou-se. Ainda bem que não fui.

1 comentário:

Liliana Pereira disse...

Amei ler! Tão mas tão isto!