sexta-feira, 4 de abril de 2014

A voluntária que há em mim

Nestes últimos anos já tive oportunidade de fazer voluntariado em sítios que tinham tanto de maus como de maravilhosos.
Quando fiz 18 anos, quis ser dadora de sangue e medula óssea e, prontamente, me apresentei no Centro de Histocompatibilidade do Norte. Depois não deu. Não só porque quase desmaiei (fraquinha) como me foi detectada anemia. Lá tive eu de tomar comprimidos, comer bifes Wellington e fígado de cebolada (que, diga-se, adoro). Passou. Agora tirar sangue só mesmo para análises.
Depois decidi ir para a oncologia pediátrica do Hospital de S. João, no Porto. A experiência foi para lá de gratificante. Foi dar o jantar a meninos que só vi uma vez (era proibido perguntar por eles caso não estivessem lá na semana seguinte); foi ver dezenas de episódios do Noddy e do Ruca sempre em repeat; foi proporcionar às mães um jantar mais calmo, mesmo que fosse no hospital, ficando a nosso cargo dar mimo às crianças enquanto os pais estivessem fora; foi vestir-lhes o pijama e desejar-lhes boa noite. Saía de lá com o coração cheio,  de amor e gratidão.
Passei pela escola primária do bairro S. João de Deus, no Porto, e falei sobre A Família. Conceito que muitas destas crianças desconheciam. Mas quando me agarravam as pernas, me abraçavam não querendo largar, me diziam com aqueles olhos pequeninos, pequeninos: “gostamos tanto de si!”, eu sabia que afinal “a família” para eles era eu, e era a professora, e o guarda que ficava no portão de ferro, e a senhora Lídia da cantina que lhes servia o almoço.
Mais recentemente, estive numa escola primária na Maia a debater o tema Comunidade. Experiência muito diferente da anterior, mas igualmente positiva. Aqui o desafio era falar-lhes do Estado e do seu papel; das profissões; do significado de negócio. E as crianças, no alto dos seus 7 anos, ouviram, responderam e fizeram-me acreditar que afinal há futuro.
Ainda não fiz nada, comparado com o que gostava de fazer. Sinto que ajudei só um bocadinho daquilo que todos podemos ajudar. Basta querer. Querer com muita força. Tempo? Arranja-se sempre algum. Basta querer. Querer com muita força.

1 comentário:

Raquel Caldevilla disse...

Que bonito! :) Um dia também conto as minhas experiências de voluntariado :)