terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

“Your buster” e as nossas férias na praia conduzidos pela 4L

A propósito da recente morte de Harold Ramis, actor no Ghostbusters, lembrei-me da toalha de praia do meu primo Carlos que eu tanto cobicei e, mesmo não sabendo inglês, disse-lhe baixinho: “your buster”!

Todos os verões as nossas férias alternavam entre o ir para a praia com as minhas tias ou o ficar em casa a estudar para o próximo ano lectivo (eu sei que pode parecer demasiado, mas venham dizer isso a uns pais sem carro, da aldeia, com batatas para plantar e com dois filhos pequenos. Ainda mais se a filha, eu, não se calar que quer ir de férias). Achavam eles, e bem, que uma forma de me acalmar seria mandar-me estudar ou meter-me na 4L das irmãs rumo ao mar.

Muitas vezes o sol ainda nem tinha nascido, e nós já tínhamos metido na mala daquele carro azul petróleo comida que dava para um regimento. Uma vez, a minha tia tinha tanto medo de passar nos carris do comboio, que começou a acelerar com medo das cancelas fecharem. Passamos na passagem de nível a 60/hora e nem tão pouco tocamos no chão. Voamos uns metros e aterramos do outro lado, sãos e salvos, a achar que aquilo era bem melhor que um filme e que a tia Lindita era a maior. Agora sei que ela deve ter tremido o dia todo, mas na altura nem notei.

Éramos cinco, o máximo que a 4L levava. Passávamos o dia inteiro na praia. Brincávamos como todas as crianças devem brincar. Comíamos mais do que qualquer criança deve comer. Eramos imensamente felizes. E onde entra o “Caça-Fantasmas”, perguntam vocês? Entra no dia em que o meu primo espeta com uma toalha destes meus heróis na areia. E a minha ficou tão pequenina ao lado da dele. Já velhinha, com umas florzitas vermelhas. Pequenina. A dele dava duas da minha, nova, branca, com o Peter, o Raymond e o Egon a sorrirem para mim, como que a dizer: “your buster, you will never have a beach towel like this”.

Mas eu não sabia inglês, por isso deitei-me nela imensas vezes e imaginei estar nas ruas de Nova Iorque em busca de fantasmas, enquanto o sol torrava a minha pele e se ouvia o mar ao fundo.

A propósito da recente morte de Harold Ramis, actor no Ghostbusters, lembrei-me o quanto éramos crianças por volta de 1986.

Nota: de realçar que Harold Ramis foi também realizador do filme “Groundhog Day” falado no meu post aqui.

4 comentários:

Maria Rita disse...

Tu tiveste mais sorte, eu tinha de ir com os animais para o pasto e todos os trabalhos agrícolas que sabes que existem, regar a horta, apanhar as batatas, o milho e sei lá que mais, talvez por isso nem valorize muito a praia, falta de hábito,
adorei a descrição que fizeste, gostaste do workshop?

Raquel Caldevilla disse...

:)
(recebeste o meu email?)

andorinha disse...

Maria Rita, a praia era nos anos bons. Também tive aqueles de apanhar pinhas e lenha o verão todo. Ou apanhar milho. Por isso valorizo muito a praia e as férias :) Sim, adorei o workshop. A Dora conseguiu ajudar-me muito neste meu início de escrita!

andorinha disse...

Raquel, desculpa, só agora vi o email. Mas já te vou responder :)
Ah, e claro que podes contar comigo!